Ela sempre soube que a vida guardava surpresas, mas a que o dia 13 de agosto de 2025 lhe traria estava além de qualquer sonho. Havia cinco longos anos que seu nome repousava na lista de espera, uma fila árdua de anseio por um amor que ela já sentia em seu coração, mas que ainda não tinha rosto, nem nome.
O telefone tocou, rompendo o silêncio da tarde com uma melodia inesperada, uma voz do outro lado da linha, calma, mas repleta de significado, anunciou: “Temos uma criança para a senhora. Um menino, nascido em 26 de julho”. De forma imediata e com todo carinho, ela o chamou de ‘Bacuri’.
“Bacuri”.
O nome ecoou na mente materna daquela mãe como uma canção suave e promissora, um misto avassalador de choque, alegria e incredulidade.
“Meu filho!”
Depois de tanto tempo, ele estava vindo para o seu lugar, desde sempre, e com apenas dias de vida! Era uma bênção que superava todas as expectativas mais secretas.
Os dias que se seguiram foram uma vertiginosa mistura de ansiedade e com os preparativos para a sua chegada.
Amanheceu aquela quinta-feira, dia da autorização, trazendo consigo o momento mais aguardado. Na casa de acolhimento, entre tantos pequenos seres adormecidos, estava ele, pequenino, envolto em um cobertor macio, os olhinhos fechados, os cílios finos repousando sobre as bochechas iluminadas.

Quando ela o pegou no colo pela primeira vez, foi uma explosão de emoções, as lágrimas correram livremente pelo seu rosto, quentes e puras, lavando anos de espera, de esperança, não havia dúvida, foi amor à primeira vista, um encontro de almas que pareciam se reconhecer de existências passadas. Bacuri. Seu Bacuri.
Eu estava ali, todo o tempo, em silêncio. A mente iluminada, a alma aquecida e as lágrimas fluindo de uma felicidade explicável.
Uma semana depois, em 28 de agosto, a guarda provisória foi concedida. Finalmente, ela levou seu pequeno Bacuri para casa. A casa que, antes parecia grande e, por vezes, vazia, agora se enchia de uma luz nova, de um cheiro doce de bebê, de um silêncio que, paradoxalmente, era a mais bela sinfonia.
Respirei aliviada. Inspirei contentamento. Expirei o perfume da nova experiência, maternidade.
A cena inesquecívelmente sublime: ela embalava seu filho nos braços, sentindo o calorzinho do seu corpo contra o seu, o tempo se tornou insignificante, os cinco anos de espera, a burocracia, a ansiedade, tudo desapareceu!!!
Foi substituído pela imensidão daquele amor, ali estava o maior amor de sua vida, o presente mais precioso que a existência poderia ter-lhe concedido.
Ela olhou para o céu estrelado através da janela, um agradecimento silencioso subindo aos céus, pelas bênçãos grandes e pequenas, pelos dias ensolarados e pelas chuvas que faziam a vida florescer, mas, acima de tudo, pela bênção inestimável de ser mãe do seu Bacuri, pois aquele amor materno, ela sabia, transcende o sangue e nasce profundamente no coração.
Ele era o escolhido, seu filho de coração, a melodia mais doce em sua canção de gratidão, o milagre vivo que provou, mais uma vez, que o amor escolhe o coração onde nascer.
Eu a enlaço num abraço que acolhe o Bacuri, aquele pequeno ser de luz, cuja sabedoria transcende e fertiliza a terra dos sentimentos. Nesse momento cria-se uma constelação cósmica perfumada de lavanda.
Sim, a história se faz a cada grata troca que transcende o tempo e perpetua no espaço quântico do sentir.