Líder, como o silencioso adoecimento mental dos seus colaboradores, causado pelas condições de trabalho, impacta diretamente o seu negócio.
Quando falamos em acidente de trabalho, a mente logo imagina cenas clássicas: um empregado que dentro da empresa sofreu uma queda, corte, esmagamento ou outro tipo de lesões físicas. E, de fato, esses são os chamados acidentes típicos, há muito tempo conhecidos e temidos pelas empresas.
Mas há um outro tipo de acidente — silencioso, invisível, e frequentemente negligenciado. Aquele que não atinge o corpo, mas destrói, pouco a pouco, a mente e a saúde emocional dos colaboradores.
Estamos falando das doenças psicológicas desencadeadas ou desenvolvidas em razão do trabalho, que são, por previsão legal acidente de trabalho por equiparação.
Responda-me com sinceridade: você tem olhado com a mesma atenção para a saúde mental da sua equipe quanto olha para os riscos físicos e operacionais?
As doenças psicológicas, como ansiedade, depressão e burnout, não surgem do nada. Elas são, muitas vezes, fruto de um terreno fértil para o adoecimento: ambientes de trabalho sobrecarregados, metas desumanas, pressão constante, falta de reconhecimento e, em muitos casos, assédio moral ou sexual.
Há quem entenda que a decisão de cuidar do ambiente de trabalho limite-se a responsabilidade social da empresa, contudo este cuidado impacta diretamente nos seus resultados, no clima organizacional, na produtividade e, claro, na redução de riscos jurídicos — sim, isso também é uma questão legal.
Por muitos anos, a saúde no ambiente de trabalho foi tratada apenas sob o ponto de vista físico. Cuidava-se do maquinário, do EPI, dos riscos de quedas, de ruídos, de produtos químicos, mas e a mente do seu time?
Pois é. O que pouco se falava — e menos ainda se fazia — agora não dá mais para ignorar.
Em 2024, foram registrados mais de 472 mil afastamentos por transtornos mentais no Brasil, um aumento de 68% em relação a 2023. Este é o maior número registrado na última década, segundo dados da Previdência Social e da Organização Internacional do Trabalho.
Brasil, de 2012 a 2024
Entre os destaques nos afastamentos previdenciários decorrentes de doença do trabalho por transtornos mentais no Brasil estão as reações ao “stress” grave e transtornos de adaptação – cid F43 – com 28.6%, outros transtornos ansiosos com 27.4% – cid F41, e episódios depressivos com 25,1%.
O direito ao meio ambiente de trabalho saudável está na Constituição Federal e na CLT há décadas.
O problema é que, por muito tempo, esse conceito foi aplicado apenas ao físico — esquecendo completamente os riscos psicológicos.
A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) foi recentemente alterada e trouxe um avanço para o tema, deixando claro que é dever do empregador mapear, avaliar e prevenir os riscos psicossociais do ambiente de trabalho.
É bom que você líder saiba que não conhecer a legislação e suas alterações não te isenta da responsabilidade de cumpri-la e que não agir te coloca em risco — e custa caro.
Os Impactos no Seu Negócio vão de A a Z:
- Queda na produtividade;
- Aumento dos custos operacionais;
- Turnover elevado (aquela troca constante de pessoal que sai caríssima);
- Ações trabalhistas, multas e fiscalizações;
- Possibilidade de indenizações por danos morais e materiais, estabilidade provisória e até pensões vitalícias, se houver comprovação de que a doença tem relação com o trabalho e que limita a capacidade produtiva do empregado.
E vale lembrar, líder: a síndrome de burnout já é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2022, como doença ocupacional. A Justiça do Trabalho está cada vez mais rigorosa na análise desses casos.
No ano de 2023 a previdência social registrou 421 afastamentos decorrentes do Burnout.
Cuidar da saúde mental da sua equipe não é custo. Custo é pagar a conta da negligência.
Empresas que cultivam um ambiente saudável não apenas aumentam sua produtividade — elas gastam menos com processos, têm menor rotatividade e constroem times mais fortes e comprometidos.
O colaborador que entra na sua empresa para somar deve sair melhor do que entrou: mais forte, mais preparado, mais realizado — e não adoecido ou fragilizado.
A empresa que adoece pessoas, inevitavelmente, adoece os próprios resultados.
E eu lhe pergunto: você quer ser lembrado como quem constrói ou como quem desgasta?
Se cuidar da sua empresa e proteger seu negócio também significa cuidar de quem está ao seu lado todos os dias… O que lhe impede de começar hoje?
Líder, conhecer a legislação, entender seus deveres e aplicar corretamente não é só uma obrigação, é uma estratégia inteligente que protege o seu negócio, o seu time e o seu futuro.
Se você sente que precisa de apoio para interpretar as normas, implementar boas práticas ou prevenir riscos trabalhistas — conte com quem entende do assunto — de A a Z.
Porque, no final das contas, a sua empresa cresce quando quem trabalha nela cresce junto.
